Começo com Vinícius de Moraes :
Poema Enjoadinho
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Renovação, boa-nova, criação...
Celebrando a vida : Dia da Arte e da Poesia
Contra a barbárie deste dias sinistros : Vida Nova, Arte e Poesia
Estamos grávidos e lá pro fim do ano mais um lindo ser humano a povoar a Terra
Portanto, de novo Dia da Arte e da Poesia
Lembrando que :
Dia da Arte e
da Poesia não é encontro
social
não é encontro de amigos,
pra falar de política, trabalho, novela e futebol,
pra ficar relembrando o passado e falar mal do presente
pra ficar sentadinho, tipo mesa de bar
ou sofá da sala
dando uma de visita ou anfitrião
Dia da Arte e da Poesia é tudo isso e muito mais
é o dia intergaláctico, mundial de todas as artes e de todas as poesias
Portanto, a regra continua a mesma : FAZ O QUE QUISERES
mas venha com espírito de arte e de poesia
venha para fazer arte e poesia
procure trazer materiais e poemas
lembre que comidas e/ou bebidas são benvindas
façamos uma celebração coletiva
Nada melhor do que a oportunidade e a ocasião
Sábado dia 27 de maio de 2006, a partir de 2 da tarde, até acabar
Dia da Arte da Poesia
celebrando a vida
não é encontro de amigos,
pra falar de política, trabalho, novela e futebol,
pra ficar relembrando o passado e falar mal do presente
pra ficar sentadinho, tipo mesa de bar
ou sofá da sala
dando uma de visita ou anfitrião
Dia da Arte e da Poesia é tudo isso e muito mais
é o dia intergaláctico, mundial de todas as artes e de todas as poesias
Portanto, a regra continua a mesma : FAZ O QUE QUISERES
mas venha com espírito de arte e de poesia
venha para fazer arte e poesia
procure trazer materiais e poemas
lembre que comidas e/ou bebidas são benvindas
façamos uma celebração coletiva
Nada melhor do que a oportunidade e a ocasião
Sábado dia 27 de maio de 2006, a partir de 2 da tarde, até acabar
Dia da Arte da Poesia
celebrando a vida
Termino com João Cabral de Melo
Neto de Morte e Vida
Severina
FALAM OS VIZINHOS, AMIGOS,
PESSOAS QUE VIERAM COM
PRESENTES, ETC.
- De sua
formosura
já venho dizer
:
é um menino
magro,
de muito peso
não é,
mas tem o peso
de homem,
de obra de ventre
de mulher.
- De sua
formosura
deixai-me que
diga :
é uma criança pálida,
é uma criança franzina,
mas tem a marca
do homem,
marca de humana
oficina.
- Sua
formosura
deixai-me que
cante:
é um menino
guenzo
como todos
os desses mangues,
mas a máquina
do homem
já bate nele, incessante.
- Sua
formosura
eis aqui
descrita :
é uma criança pequena,
enclenque e setemesinha,
mas as mãos que
criam as coisas
nas suas já se
adivinha.
- De sua
formosura
deixai-me que diga :
é belo como o coqueiro
que vence a areia
marinha.
- De sua
formosura
deixai-me que diga :
belo como o
avelós
contra o Agreste
de cinza.
- De sua
formosura
deixai-me que diga :
belo como a palmatória
na caatinga sem
saliva.
- De sua
formosura
deixai-me que diga :
é tão belo como
um sim
numa sala negativa
- É tão
belo como a soca
que o canavial
multiplica.
- Belo
porque é uma porta
abrindo-se em mais
saídas.
- Belo
como a última onda
que o fim do mar
sempre adia.
- É tão
belo como as ondas
em sua adição
infinita.
- Belo
porque tem de novo
a surpresa e a alegria.
- Belo
como a coisa nova
na prateleira até então
vazia.
- Como
qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.
- Ou
como o caderno novo
quando a gente
o principia.
- E belo
porque com o novo
todo o velho
contagia.
- Belo
porque corrompe
com sangue novo
a anemia.
- Infecciona a miséria
com vida nova
e sadia.
- Com
oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria.
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