A propósito das eleições começo com Patativa do Assaré :
A Política
Fornecendo várias listas
Aos ingênuos eleitores,
Aí vêm os sedutores
Fazendo suas conquistas.
São eles propagandistas
Da política fatal,
Um abraço em cada qual
Oferecem, sorridentes,
São eles fortes agentes
Da campanha eleitoral.
Já vejo alguém simulando
Gestos de quem tem conceito,
Por ver o dia do pleito
Cada vez se aproximando,
Muitos estão escovando
A capa da hipocrisia,
Pois
com a tal fantasia
Fica o matuto iludido.
Depois do pleito vencido,
Haverá nova anarquia.
Vendo o camponês coitado,
O seu candidato eleito
Fica muito satisfeito,
Espera
um bom resultado.
Porém, se um ano flagelado
Assola o nosso sertão,
O pobre fica na mão,
Não há quem o favoreça,
Vai de trouxa na cabeça
Escapar no Maranhão.
Quando algum politiqueiro
Nos aponta um candidato,
Diz que o mesmo é muito exato,
É fiel e justiceiro,
É um digno brasileiro,
Criterioso e de bem.
Mas quando a vitória vem,
E este recebe o poder,
Nunca sabe agradecer
O valor que o voto tem.
Das mais altas posições
Descem as contrariedades,
As moléstias das cidades
Vêm atacar os sertões,
A causa das confusões,
Do assassinato e da guerra,
E do mais que nos aterra,
Provém da baixa política,
Negra, falsa e sifilítica
Que envenena a nossa terra.
Como o Brasil primitivo,
Eu vejo o Brasil presente:
O camponês indigente
Do burguês sempre cativo.
Não existe lenitivo
Para
o pobre que trabalha,
E com a politicalha,
Filha da trama e do ardil,
O nosso caro Brasil
Ainda mais se escangalha.
Patativa do Assaré
Contra a polticalha : Dia da Arte e da Poesia
Contra os politiqueiros : Dia da Arte e da Poesia
Contra a falência da democracia representativa : Dia da Arte e da Poesia
Pela democracia participativa : Dia da Arte e da Poesia
Pela autodeterminação dos povos : Dia da Arte e da Poesia
Pela autogestão, pelo coletivo : Dia da Arte
e da Poesia
Pela Revolução : Dia da Arte
e da Poesia
Lembrando que :
Dia da Arte e da Poesia não é encontro social
não é encontro de amigos,
pra falar de política, trabalho, novela e futebol,
pra ficar relembrando o passado e falar mal do presente
pra ficar sentadinho, tipo mesa de bar
ou sofá da sala
dando uma de visita ou anfitrião
Dia da Arte e da Poesia é tudo isso e muito mais
é o dia intergaláctico, mundial de todas as artes e de todas as poesias
Portanto, a regra continua a mesma : FAZ O QUE QUISERES
mas venha com espírito de arte e de poesia
venha para
fazer arte e poesia
procure trazer
materiais para arte,
poemas
e instrumentos musicais
lembre que comidas e/ou bebidas são bem-vindas
façamos uma celebração coletiva
Nada melhor do que a oportunidade e a ocasião
Sábado dia 23 de setembro de 2006,
a partir de 2 da tarde, até acabar
Dia da Arte da Poesia
Celebrando a palavra e a alfabetização do meu filho Chico fecho com o Chico Buarque e com a parceria de Zé Dantas e Luiz Gonzaga
Uma Palavra
Chico Buarque
Palavra primaUma palavra só, a crua palavra
Que quer dizer
Tudo
Anterior ao entendimento, palavra
Palavra viva
Palavra com temperatura, palavra
Que se produz
Muda
Feita de luz mais que de vento, palavra
Palavra dócil
Palavra d'agua pra qualquer moldura
Que se acomoda em baldo, em verso, em mágoa
Qualquer feição de se manter palavra
Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra
Talvez à noite
Quase-palavra que um de nós murmura
Que ela mistura as letras que eu invento
Outras pronúncias do prazer, palavra
Palavra boa
Não de fazer literatura, palavra
Mas de habitar
Fundo
O coração do pensamento, palavra
ABC do Sertão
Composição: Zé Dantas / Luiz GonzagaLá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pssilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê.
PS : alguns links políticos :
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